Página - O choque econômico da guerra
O choque econômico da guerra
Efeito de Onda
Página O choque econômico da guerra

Mesmo que as negociações diplomáticas resultem no encerramento da invasão da Rússia à Ucrânia nos próximos dias ou semanas, os efeitos econômicos da guerra devem continuar causando estragos na economia mundial e brasileira por mais tempo.
O choque nas áreas de alimentos, fertilizantes, petróleo e gás iniciada com a impossibilidade da Rússia exportar gás, petróleo, fertilizantes, trigo, foi sentida em todas as cadeias da economia global. As fortíssimas sanções econômicas decretadas contra o governo russo, suas empresas, seus dirigentes políticos, bancos, inclusive o Banco Central da Rússia e os bilionários oligarcas que sustentam o governo de Vladimir Putin, contribuem para aumentar as dimensões dos efeitos inflacionários e recessivos nas economias desenvolvidas e emergentes. A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo e gás do mundo, atrás apenas da Arábia Saudita. Juntas, Rússia e Ucrânia fornecem 25% das exportações mundiais de trigo e 15% de milho. A impossibilidade de plantar novas safras como também de exportá-las pela quebra de toda a cadeia logística dos dois países, conduziu a uma forte baixa dos estoques mundiais de alimentos, que pressiona os preços e eleva a inflação mundo afora. Os demais países que produzem alimentos estão anunciando a suspensão de exportações para manter estoques estratégicos que assegurem garantia alimentar para sua própria população.
Para conter a onda inflacionária global, os bancos centrais anunciam aumento das taxas de juros com mais intensidade. Os bancos centrais dos países europeus e o Fed, banco central americano, anunciaram elevação de suas taxas de juros. O Banco Central do Brasil aumentou ontem, quarta feira (16), a taxa básica de juros (Selic) para 11,75% ao ano. Esse movimento de alta dos juros conduz a um cenário internacional e local de aumento do custo do crédito, expansão da dívida pública e baixo crescimento. No plano internacional vislumbra-se um cenário pós-guerra de forte depressão econômica na Rússia, recessão nos países europeus e estagflação (estagnação com inflação alta) nos Estados Unidos. No Brasil, a expectativa é de crescimento de 0,5% e inflação próxima de 7,5%.
No cenário nacional a situação não será muito diferente. Aqui, a onda de choque chegou sob a forma de aumento dos preços dos alimentos, dos combustíveis e dos fretamentos. Nossa produção agropecuária é extremamente dependente dos fertilizantes da Rússia e Belarus. Em 2021, produzimos apenas 15% dos fertilizantes utilizados para o cultivo de frutas, legumes, verduras, arroz, feijão, cana de açúcar, algodão, soja, milho. Os outros 85% importamos de outros países, principalmente Ucrânia, Belarus e Rússia. A queda de oferta do trigo da Ucrânia e Rússia fez o preço dessa mercadoria subir fortemente nas últimas semanas no mercado internacional, gerando, internamente, aumento de preços de massas, biscoitos, pão francês. Teremos escassez de fertilizantes e custos maiores para o plantio das próximas safras, sinalizando que os preços dos alimentos continuarão subindo e pressionando a inflação brasileira. Que nos últimos 12 meses contados até fevereiro, chegou a 10,54%.
Antes do início do conflito, o barril do petróleo estava em U$ 85 e chegou a U$ 100 nesta semana. A Petrobras anunciou aumento de gasolina (18,8%), diesel (24,9%) e gás de cozinha (16,1%), fatores que ajudarão aumentar e “espalhar” a inflação para todos os demais setores da atividade econômica.
O baque econômico do conflito entre Rússia e Ucrânia não ficará restrito ao espaço territorial daqueles países. A irradiação dos efeitos econômicos na economia global e nacional não se encerrarão com um iminente acordo diplomático de paz. Devem continuar ao longo deste ano e, pelo menos, até a primeira metade de 2023, quando serão comercializadas as grandes safras de cana de açúcar, milho e soja, plantadas com insumos e custos logísticos bem maiores que as safras anteriores e também o país já contará com os efeitos de medidas econômicas mitigadoras dos efeitos da crise causada pela insana guerra iniciada por Putin.
Notícias para Você
Notícias para Você

07 de Agosto de 2025
Justiça Territorial: vamos defender nossos municípios!
Recentemente, um prefeito me ligou aflito: “Léo, e se meu município perder metade da área? E os moradores, as escolas, os comércios, as plantações?” Fiquei em silêncio por um instante. Não porque não tivesse resposta, mas porque senti, na pele, o peso da insegurança que tantos gestores e fam…

26 de Fevereiro de 2025
O encontro que já nasceu gigante
Tudo começou com uma ideia: reunir gestores municipais, especialistas e líderes políticos para fortalecer o municipalismo e debater os desafios da gestão pública. O que ocorreu em 18 e 19 de fevereiro em Cuiabá superou expectativas. Promovido pela Associação Mato-Grossense dos Municípios (AM…
